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07/07/20 Livros

AvaliAÇÃO: ajuste constante da intervenção docente

A base da atividade pedagógica em sala de aula consiste em ajustar constantemente as “rotas de navegação”, para não perder de vista os horizontes que se almeja. Todas as formas de observação e registro das ações efetuadas por professores e alunos são elementos que integram a bússola que norteia os itinerários do trabalho educativo. O motor das relações pedagógicas no ambiente escolar – a aprendizagem – mantém a constância de seus avanços, que amplia e aperfeiçoa, intencionalmente, o estado de aprendizagem existente, por meio das avaliações que permitem constatar onde se está em relação ao percurso pretendido.

Para tanto, algumas características inerentes à natureza da aprendizagem devem ser revisitadas, constantemente, para que não as percamos de vista antes, durante e depois da operacionalização do trabalho em sala de aula. Sem nenhuma possibilidade de hierarquizá-las nem esgotá-las em si, apresentamos algumas dessas características a seguir, de forma aleatória e necessariamente complementar.

1. Elaboramos conhecimentos sobre o mundo e sobre nós mesmos a partir do que já sabemos. Essa é a premissa que torna fundamental a identificação dos saberes, paralelos e anteriores, que servirão de âncoras de significação e sentido para a construção de novos conhecimentos, capazes de sustentar a articulação dialética dos repertórios pessoais, das vivências e das informações.

2. Ninguém aprende na indiferença. Aprendemos por amor e/ou ódio, impregnados de um querer, ou seja, por meio de vínculos. Cabe ao professor, portanto, construir um movimento intencional provocativo, que traga um tom mobilizador, capaz de ajudar o outro a se colocar em movimento.

3. Não posso aprender por ninguém. Trata-se de uma atividade pessoal interna e intransferível: uma labuta de auto-organização (autorregulação) e não de mera cópia de modelos externos.

4. Nós nos fazemos humanos na relação com o outro, superando obstáculos inteligentes e instigantes, em outras palavras, resolvendo problemas. Trata-se, portanto, de uma atividade interativa (construção compartilhada) e estratégica (propõe caminhos para atingir objetivos).

5. Só se aprende quando se tem um sentido para o que fazemos e um significado capaz de ser integrado à estrutura cognitiva, aos esquemas mentais.

Sobre esses pressupostos é que se sustenta o fato de que o saber tem relação direta com a vida; é, pois, encharcado de dores, alegrias, frustrações, expectativas e angústias, e, por essa razão, o que se ensina é diferente do que se aprende! A avaliação, portanto, deve estar a serviço da aprendizagem, promovendo-a continuamente. Serve como um organizador de retomadas, para que possamos ampliar o que conhecemos do mundo que nos cerca.

A partir daí, o professor pode fazer diferença na vida de cada aluno, ajudando-o a pensar mais e melhor, tanto do ponto de vista estratégico, com vistas à resolução de problemas, quanto do ponto de vista crítico-criativo, duvidando de verdades absolutas de forma investigativa.

Dessa forma, a avaliação, por mais individual que seja, permite construir uma base comum coletiva, visando ao nascimento de espaços de pertencimento no cenário de trocas e, ao mesmo tempo, mapear os saberes de cada aluno, assegurando, com isso, o direito, pessoal e intransferível, de aprender.

Já teremos feito a diferença se não permitirmos que nossos alunos renunciem às possibilidades de navegar pelo fascinante mar do desconhecido objetivando desvendá-lo.

Desdobrando ideias

Como aprender a aprender?

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